17 de fevereiro de 2012

A intolerância democrática


Nos países da Comunidade Européia vem ganhando vulto um escândalo de cariz religioso. A comunidade muçulmana propôs aos habitantes da Europa reduzir ao mínimo a criação de cães. Depois disso, os europeus vieram com uma outra proposta. Por exemplo, uma escola de cozinha em Copenhaga anunciou que se recusava a ensinar estudantes muçulmanos e judeus. O principal argumento apresentado é a necessidade de provar no processo culinário certos produtos, cujo consumo é proibido categoricamente pelos cânones de ambas as religiões.
O muçulmano Ikram Kormaz, cidadão dinamarquês, tornou-se a primeira “vítima” desta nova decisão da escola. Ele começou a frequentar o curso de cozinheiro em princípios de janeiro, mas anteriormente ninguém se preocupava com a sua confissão religiosa e ninguém lhe exigia degustar carne suína ou provar vinho. Mas agora deram-lhe a entender claramente que o seu estudo da arte culinária nesta cidade está concluído e que a continuação de estudos não tem sentidos se ele não renunciar, é claro, à leis canônicas do Islã. O primeiro vice – presidente da Direção Espiritual Central dos Muçulmanos da Rússia Albir Krganov declarou em entrevista à “Voz da Rússia” que exigir a violação dos cânones religiosos é um “lance proibido”, que não corresponde à política de tolerância preconizada tanto na Europa de hoje.
"Os Estados democráticos, - uma vez que se chamam democráticos, - devem ser democráticos até o fim e não exercer pressão sobre os fiéis nas questões referentes à alimentação. Creio que a Europa de hoje que dá ao mundo inteiro um exemplo de pluralismo de opiniões e de princípios democráticos, deve observar, ela própria, as leis pelas quais pugna. Devem ser levados em consideração os direitos dos cidadãos de diversas religiões e de diversas opiniões."
No entanto, muitos europeus reputam que a exigência inesperada da escola de cozinha de provar os produtos com que os alunos trabalham, é perfeitamente justa, pois é disso que depende em grande parte tanto a qualidade dos pratos servidos, como a reputação de restaurantes e cafés. Resulta, porém, que doravante os adeptos da doutrina do profeta Maomé e das leis da Tora não terão direito de cursar escolas culinárias laicas e de trabalhar nelas e podem apenas fazê-lo nos estabelecimentos em cujas portas está o cartaz com a inscrição “halial” ou “kashrut”, isto é, nos locais em que a comida é feita de acordo com os cânones religiosos. Este é um problema criado artificialmente  e sempre se pode encontrar uma saída, - opina o rabi de Moscou, Aleksandr Lakchin.
"Há cerca de vinte anos um precedente idêntico deu-se nos EUA. Em Boston existe uma academia culinária, - uma das mais famosas do mundo. Um dia matriculou-se nela um judeu que observava todas as prescrições da sua religião. Ao ingressar ele apresentou várias exigências. Por exemplo, pediu que não o fizessem misturar produtos de carne e de leite, comer carne suína, etc. A administração deste estabelecimento de ensino foi ao seu encontro e chegou a fazer pequenas emendas nas receitas de alguns pratos. Portanto, qualquer problema pode ser resolvido."
Os peritos estão convencidos de que esta decisão da escola de cozinha de Copenhaga pode provocar uma nova onda de confrontação entre os cristãos e representantes de outras religiões, em primeiro lugar, os muçulmanos. Já há vários anos os políticos europeus aprovam leis que restringem ou, inclusive, proíbem o uso de símbolos e vestes religiosos, a construção de minaretes e de mesquitas nos seus países, revistas publicam caricaturas do profeta Maomé e alguns sacerdotes cristãos propõem, inclusive, queimar publicamente o Alcorão e outros livros sagrados dos muçulmanos.
Agora a Comissão Dinamarquesa para a Igualdade de Direitos juntou-se à análise do incidente neste estabelecimento de ensino. É possível que os estudantes muçulmanos e judeus sejam equiparados aos alérgicos. É que a não proíbe aos alérgicos, que não podem consumir certos tipos de produtos, receber instrução culinária neste estabelecimento de ensino, nem lhes é exigido provar os pratos feitos.

Fonte: Voz da Rússia

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