17 de fevereiro de 2012

Arcebispo do Rio lamenta ataques a cristãos em países de muçulmanos



O arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, comentou, em entrevista ao Jornal do Brasil, na tarde desta quinta-feira (16), o recente crescimento dos ataques contra cristãos em países de maioria muçulmana na África Ocidental, Oriente Médio, sul da Ásia e Oceania. De acordo com dom Orani, a sociedade deve ficar alerta a todos os tipos de intolerância, inclusive a religiosa, que vêm crescendo com o passar dos anos.
“Infelizmente, desde o começo, os cristãos foram perseguidos, e imaginávamos que, com o tempo a intolerância fosse acabar, mas tem aumentado, não só em países que são de minoria”, comentou. “Já para os cristãos, minha mensagem é de que isso deve lembrar tudo que Jesus disse. Acreditamos em uma vida que vai além da morte e diante disso devemos ser fortes e não renunciar da nossa fé, sem ódio e sem retribuir o mal”.

“Infelizmente, desde o começo, os cristãos foram perseguidos, e imaginávamos que, com o tempo a intolerância fosse acabar, mas tem aumentado”, comentou dom Orani

“Não podemos acusar esse ou aquele segmento. O fanatismo existe em qualquer lugar", destacou dom Orani 

“Não podemos acusar esse ou aquele segmento. O fanatismo existe em qualquer lugar", destacou dom Orani

Desde que foram deflagradas as manifestações da Primavera Árabe, o radicalismo vem aumentando em segmentos islâmicos. Em muitos países em que os cristãos são minorias, eles são alvo também de assassinatos, incêndios criminosos em igrejas e migrações forçadas. Na Nigéria, muitos sofreram essas formas de perseguição. O país tem a maior minoria cristã (40%) em relação à sua população (160 milhões) de qualquer país de maioria islâmica. Durante anos, muçulmanos e cristãos na Nigéria vivem em uma iminente guerra civil. Apenas em janeiro de 2102, um grupo radical chamado Boko Haram foi responsável por 54 mortes. Em 2011, seus membros mataram pelo menos 510 pessoas e atearam fogo ou destruíram mais de 350 igrejas em dez estados do norte.
Ainda assim, dom Orani afirma que não se deve julgar os membros da religião islâmica. Para ele, esses crimes são fruto de um radicalismo que independe de ideologia ou religião.
“Não podemos acusar esse ou aquele segmento. O fanatismo existe em qualquer lugar, de muitas formas, não é um tipo de religião ou crença que leva a isso, são grupos que se fanatizam”, comentou. “Isso deve servir de alerta para a sociedade. É preciso respeito mútuo, independentemente de religião, ideologia. A sociedade já devia ter chegado a esse estágio de convivência pacifica entre as pessoas e parece que mudam-se os tempos, e mudam apenas os atores, mas a intolerância acontece no mundo de outras formas”.
Essa intolerância vem fazendo cada vez mais vítimas. Em Kordofan do Sul, cristãos ainda são submetidos a bombardeios, assassinatos, sequestro de crianças e outras atrocidades. Relatórios das Nações Unidas indicam que 53 mil a 75 mil civis inocentes já foram expulsos de suas moradias e que casas e prédios foram saqueados e destruídos. Já em outubro do ano passado, na área de Mapero, no Cairo, cristãos coptas (que não chegam a representar 11% da população), marcharam em protesto contra as ondas de ataques cometidos por grupos islâmicos - incluindo incêndios a igrejas, estupros, mutilações e assassinatos – que se seguiram à derrubada do governo ditatorial de Hosni Mubarak. Durante o protesto, forças de segurança egípcias dirigiram suas caminhonetes em direção aos manifestantes, atirando contra eles, matando 24 e ferindo mais de 300 pessoas. Até o fim do ano, mais de 200 mil cristãos coptas abandonaram suas casas para não sofrerem ataques.
Para dom Orani, uma das medidas que as autoridades podem tomar é ligada à educação.
“Dar educação onde todos sejam contemplados. Onde os vários tipos de religões e ideologias possam ser respeitados dentro daquilo que é a própria vida. E além disso, sim, punir aqueles que cometem essas atrocidades que vão contra a lei”, disse.

Fonte: Jornal do Brasil















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