2 de outubro de 2010

Espiritualidade e Ciência : Política de todos nós?

O estagirita Aristóteles (384-322 a.C.) afirmava que o homem é por natureza um ser social, pois sua sobrevivência dependia de seus semelhantes.
Para ele, a cidade (polis) encontra-se entre as realidades que existem naturalmente, sendo o homem, por sua natureza, um animal político.
Como animal político Aristóteles entendia o homem envolvido com a cidade. Ele tomou um fenômeno social característico da Grécia como modelo natural do todo o gênero humano. Eis aí, seu ledo engano!
Deixemos o sábio grego, e ouçamos as vozes dos cientistas da atualidade que afirmam que a política está intimamente ligada ao poder. Definem a política como a responsável pela formação, distribuição e exercício do poder. Portanto, política é poder...
Para o filósofo inglês Bertrand Russel, o poder é a posse dos meios que levam à produção dos efeitos desejados, ou seja, o indivíduo ou grupo que detiver o poder torna-se capaz de exercer várias formas de domínio e, por meio delas, alcançar os efeitos que deseja.
Nada animador para os espiritualistas essa história de poder, meios para atingir os fins, domínio, etc. Se não bastasse isso, tem mais...
O poder pode ser entendido, ou melhor, dividido em duas modalidades: o poder do homem sobre a natureza e o poder do homem sobre outros homens.
O poder do homem sobre a natureza não tem sido portador de bons auspícios, mas forma de domínio de certos grupos ou nações sobre outros, e mais, não raras vezes, deterioramento, depauperação da natureza, quando não sérios riscos para o própria sobrevivência planetária (vide problema do manuseio do átomo e suas subpartículas).
Por sua vez, o poder social, o poder do homem sobre outros homens pode ser dividido em poder: político, ideológico e econômico. Segundo o cientista italiano Norberto Bobbio o que tem em comum essas três formas de poder é que elas contribuem conjuntamente para instituir e manter sociedades de desiguais, divididas em: fortes e fracos, com base no poder político; em ricos e pobres, com base no poder econômico; em sábios e ignorantes resultado direto do poder ideológico. Enfim, o que realmente decorre é a dicotomia: superiores e inferiores, e isso há de ficar claro...
Após simples constatação da política e suas decorrências, é necessário tomar ciência das relações entre a sociedade e o Estado, pois é desse relacionamento que se forma o poder, e dele a dicotomia: superiores e inferiores, enfim, uma sociedade de desiguais.
O Estado costuma ser discutido como uma instituição que exerce o poder coercitivo (em vários níveis), por intermédio de suas diversas funções, tanto na administração pública, como no judiciário e no legislativo.
A sociedade civil, por sua vez, é definida como o campo das relações sociais que se desenvolvem fora do poder institucional do Estado. As empresas, as igrejas, as escolas, os movimentos populares entre outros, fazem parte da sociedade civil.
Os vários grupos que compõem a sociedade civil em se relacionando provocam o surgimento de diversas questões políticas, ideológicas, econômicas, culturais, etc. A afinidade do grupo pode ser deslocada para o aspecto corporativo, sendo que as várias corporações, não raras vezes, geram conflitos entre si (isto sem falar dos conflitos endógenos), sofrendo com isso a intervenção do Estado que procura dirimir o enfrentamento, buscando o “consenso” (raramente).
Nos mecanismos articuladores entre Estado e sociedade civil, os partidos políticos deveriam desempenhar a função importante de captar os desejos, as aspirações da sociedade civil, e encaminhá-los para o campo da decisão política do Estado (Utopia! Pobre povo que pena e geme). Isso se deve (?!!) ao fato de os partidos políticos não pertencerem por completo nem ao Estado e nem a sociedade civil.
Portanto, os partidos políticos e seus correligionários, teoricamente, representantes do povo, deveriam proporcionar uma conexão ampla entre sociedade civil e Estado!
Atualmente, raríssimos são os partidos políticos que assumem o papel que se “auto atribuem”, ou seja, o que há mesmo é uma descaracterização total de sua “missão ideológica”, pois o que interessa mesmo é o poder. E o povo, mais uma vez, usado como massa de manobra, fica alheio ao processo de decisão, pois o mesmo só favorece os interesses dos poderosos (minoria) em detrimento dos “fracos” (maioria).
Infortunadamente, os partidos políticos, os políticos são reféns do poder econômico, de determinados grupos político-econômicos que dominam na política, pois elegem seus representantes; sim, seus representantes, de seus interesses econômicos que interferem na política e vice-versa, levando a um ciclo vicioso mantenedor do status quo – a desigualdade.
O relacionamento desses conglomerados econômicos com o poder se dá por intermédio de várias formas de “massificação cultural” (várias formas de mídias) onde os lobbystas se tornam empresários ou executivos bem remunerados da indústria da política, ou na tomada de poder como forma de domínio, hegemonia, mesmo que isso custe a vida de seres humanos, pois os aspectos sociais tornam-se meros adereços. Por isso, continuamos com altos índices de violência urbana, deficiência no serviço público, nos transportes, na educação (nem é bom falar nisso!), na saúde (sucateado no serviço público e com hipervalorização da medicina privada – planos de saúde), moradia, urbanização. Mas que nada! O interesse é só pelo poder, se possível para o menor número de pessoas, aliás, se possível nas mãos de um ou dois.
Concluímos que não é mais o povo, mas grupos de interesses que elegem seus candidatos que irão legislar em seu favor e não do povo. Legislam em favor dos que os elegeram, da mesma forma quem os elegeram tentam mantê-los no poder!
Vivemos num mundo onde o poder econômico, ideológico e político são onipotentes e onipresentes. Com isso estamos afirmando que a disputa pelo poder político não é mais decidida pelo povo, mas por grupos de interesses que elegem seus candidatos.
A disputa pelos cargos políticos é decidida pela luta entre os vários grupos de interesses ou mesmo pelo acordo entre alguns deles, que não obstante serem rivais, se unem para conseguir o poder, deixando suas diferenças para serem resolvidas quando estiverem formando, distribuindo ou exercendo o poder.
Depois de nossa visão nada otimista, sobre os grupos de interesses e algumas conseqüências sócio-político-econômicas, não podemos olvidar o problema mais agudo, mais amplo, todavia queremos apenas, neste momento, dar nossa contribuição para as eleições de outubro de 2010.
Se há grupos de interesses econômicos que elegem seus candidatos, o que é lastimável, que dizer então de grupos religiosos que tentam eleger seus candidatos, e nos apressamos em perguntar: por que desejam eleger seus candidatos? Muitos inocentes, no mínimo dirão que é para defender a religião. Pois bem, a religião precisa ser defendida de outros grupos concorrentes, certo? Certíssimo, dirão. Que tristeza perceber que muitos acreditam nessa balela histriônica, como se fosse possível uma ou duas pessoas defenderem a religião, num cenário dominado pelas corporações econômicas, a não ser que as mesmas queiram utilizar a religião como massa de manobras para seus empreendimentos políticos. Há também o contrário, ou seja, alguns setores da religião que se utilizam da mesma para conseguir este ou aquele benefício político-econômico.
No mais o que precisamos de forma urgente - urgentíssima é a reforma política, mas muito, e, muito principalmente de Espiritualidade, a qual, infelizmente, está muito distanciada daqueles que dela falam, mas dela, de sua prática estão de há muito divorciados. Pense nisto quando você for fazer a escolha de seus candidatos. Axé!

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Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá
Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico
Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de curar”
Publicação 77

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