3 de dezembro de 2012

V Congresso Brasileiro de Umbanda do século XXI/ II Congresso Internacional das Religiões Afro-americanas: Memória, cultura e identidade



Fonte: Espiritualidade e Ciência

Nos últimos dias 23, 24 e 25 de novembro a Faculdade de Teologia Umbandista – FTU - sediou o V Congresso Brasileiro de Umbanda do século XXI e o II Congresso Internacional das Religiões Afro-americanas. Como de praxe a instituição teve o intuito de aproximar os saberes acadêmicos e religiosos, convidando professores pesquisadores e pais e mães espirituais a dialogarem durante os dias do evento e, claro, construir uma amizade a partir deles.
Este ano o tema foi “Memória, Cultura e Identidade” reunindo palestras provenientes de múltiplos olhares, o teológico, o antropológico, o sociológico, o psicológico entre outros. Durante três dias os palestrantes e congressistas assistiram a um encontro amistoso que visava, sobretudo, construir juntos saberes e amizades alicerçadas no objetivo maior de valorizar as religiões afro-brasileiras. Estas, durante muito tempo foram consideradas religiões menores, inferiores, cultura de periferia associadas à feitiçaria, magia, discurso que acobertava (e muitas vezes não se preocupava em esconder) o preconceito e a racialização da sociedade brasileira.
Nas últimas décadas, amparadas pelo discurso do multiculturalismo e da tentativa de reforçar a identidade nacional brasileira, as religiões afro-brasileiras passaram a ocupar um espaço grande, na música, nas artes, enfim, no cenário cultural como um todo. Muitas dessas análises, porém, ainda mantém subliminarmente um discurso refratário, tentando classificar tais religiões como folclore.
Longe de estar inserido neste último grupo, a intenção ao criarmos a Faculdade de Teologia Umbandista foi para definitivamente entregar aos grupos afro-brasileiros (majoritariamente pobres, até então) seu espaço na sociedade civil como um todo, resgatando suas contribuições culturais, étnicas, simbólicas e religiosas. Escolhemos para isso o caminho educacional, entendendo ser este um caminho honroso, o qual foi durante muito tempo, renegado a estes grupos. Conseguimos dar visibilidade e credibilidade às religiões afro-brasileiras em duas vertentes: a criação da FTU (aproximando o saber popular-tradicional da teologia) e a outra, valorizando o fundamento (corpus de tradição do sacerdote – religião vivenciada e experienciada de mãe/pai-de-santo para discípulo/filho-de-santo).
Todo este processo possibilita a mobilidade social – vertical e horizontal – individual e coletiva. Vertical, pois dá acesso educacional aos afro-brasileiros em condições de igualdade com todos os outros grupos, e horizontal por reforçar os laços identitários enquanto grupo maior, independente da ampla diversidade existente no interior deste campo religioso.
Além das palestras principais, o congresso abriu espaço para três grupos de trabalhos (GTs): 1. Teologia, 2. Memória, cultura e identidade, 3. Meio ambiente e espiritualidade. Tais grupos visaram favorecer as comunicações orais de pesquisadores de vários estados, os quais tem priorizado os estudos afro-brasileiras em seus cursos de pós-graduação. Outra surpresa dos GTs foi a presença de pais e mães-de-santo, ora apresentando suas comunicações orais, ora coordenando um dos grupos, o que reforça a vontade dessas lideranças em trazer seus conhecimentos religiosos e dialogarem sobre eles, pela lente acadêmica.
Como todo final de congresso, os agradecimentos se fazem necessários. Aos organizadores, em sua grande maioria, filhos espirituais de nossa Casa de Fundamentos que doaram seu tempo e esforço por este evento. Aos professores palestrantes (brasileiros e internacionais) que contribuíram com suas pesquisas para o enriquecimento do debate. Aos congressistas, que mais um ano fizeram do evento um momento de discussão e construção de saberes. Finalmente, não por menor importância, ao contrário, por ser o grande leit motiv de nosso ideal: agradecemos as várias tradições afro-brasileiras e suas divindades (caboclos, encantados, Orixás, Inkices e Voduns).
 Abaixo disponibilizamos algumas fotos do evento, pequena parcela registrada de excelentes momentos!

Axé!


 

Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá
Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico
Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de curar”
Publicação 310

Um comentário:

  1. Eu queria muito ter ido nesse congresso, disseram que foi muito bom, que pena não consegui.

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