Fonte: Espiritualidade e Ciência
Hoje gostaríamos de apresentar algumas reflexões sobre a
diversidade cultural-religiosa de nosso país. Vários foram os estudiosos que
registraram as matrizes formadoras do povo brasileiro, um deles foi Darcy
Ribeiro que sistematizou as contribuições culturais-religiosas dos ameríndios,
africanos e indo-europeus.
Atualmente é corrente na academia a terminologia “matriz
formadora” e gostaríamos de refletir sobre ela. Matriz é uma palavra que
significa origem, fonte e a palavra formadora aquilo que dá corpo, estrutura,
que constitui, assim, os indígenas autóctones, os negros que chegaram ao país
escravizados e os indo-europeus na condição de colonizadores são povos que, com
sua bagagem cultural, social, religiosa, estruturaram o que posteriormente veio
a ser chamado povo brasileiro ou apenas o brasileiro.
Felizmente as religiões afro-brasileiras foram igualmente
formadas pelas três matrizes fazendo com que elas tenham em seu bojo a
diversidade de formas de viver e cultuar a religiosidade. Não vemos esse
caldeamento como algo negativo, muito ao contrário, a grande riqueza das
religiões afro-brasileiras é sua diversidade, o “colorido religioso”, a ampla
gama de contribuições.
Infelizmente, muitos pensam que a diversidade é um elemento
que dificulta a criação de uma identidade religiosa, mas nossa visão é
justamente oposta. A diversidade é um dos elementos fundantes das religiões
afro-brasileiras. O cientista social ou mesmo adeptos de outras
confessionalidades, sentem dificuldades em ir a um determinado terreiro e não
saber ao certo qual a linha praticada. Isso porque, ainda que cada Escola
Afro-brasileira tenha sua cosmovisão e liturgia específica elas comungam de
elementos tais como o transe, a dança, cânticos, crença nas entidades
sobrenaturais, entre outras.
Outro dado que dificulta a real compreensão do universo
religioso é a mídia, a qual sempre que pode, apresenta em seus programas de
informação ou entretenimento mensagens subliminares ou de descrédito e gozação.
O trabalho de todos os militantes afro-brasileiros sejam
eles sacerdotes e sacerdotisas ou adeptos é no terreiro com seus Orixás,
ancestrais, encantados para que essa vivência possa sair das quatro paredes
templárias e ser incorporada na vida cotidiana. É um processo interno, de
vivência iniciática e também externa de estilo de vida.
Agradecemos por fazer parte da diversidade
cultural-religiosa afro-brasileira que, em última instância, é vivenciar a
diversidade humana brasileira!
Axé!
Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá
Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico
Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de
curar”
Publicação 257
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