O fechamento de dois terreiros também foi discutido em reunião
Membros de terreiros da capital e grande Aracaju participaram nesta quarta-feira, 16, da I Audiência Pública sobre a Intolerância Religiosa e Liberdade do Culto, promovido pela Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania (Sedhuc), em parceria com o Fórum Sergipano das Religiões de Matriz Africana.
A audiência ocorreu na OAB(Fotos: Infonet)
O Fórum, fundado em julho de 2009, tem como objetivo buscar a unidade, organização, estruturação e lutar pelos direitos do povo do candomblé e da umbanda no Estado de Sergipe.
Em reunião foi colocada em pauta de discussão o fechamento de dois terreiros situados na grande Aracaju -- um no município de Nossa Senhora de Socorro e o outro no bairro Suíça. Marcaram presença no encontro líderes religiosos de diversos locais da Capital.
Fechado em 16 de agosto desse ano, o terreiro da Yalorixá Silvânia foi proibido de realizar os cultos sob alegação de perturbação de sossego. De acordo com a mãe Silvânia das Virgens dos Santos, após o fechamento, ela ainda foi obrigada a permanecer com o centro fechado por dois anos e ter que pagar uma cesta básica no valor de um salário mínimo. “Moro a 21 anos no local e minha casa é bem frequentada. Alegam que os cânticos estavam aborrecendo os moradores, mas não toco todos os fins de semana, apenas nos dias festivos dos santos. Não trabalho e de repente mandam fechar meu terreiro”, lamenta a yalorixá.
A mãe de santo, Silvânia das Virgens, diz que ainda há preconceito
A mãe de santo conta ainda que as expressões religiosas como candomblé e umbanda, ainda sofrem discriminações e são rejeitadas por algumas pessoas. “Não posso sair de branco que as pessoas ficam olhando. No ônibus não querem sentar ao meu lado porque acham que o que eu faço é bruxaria. Acredito que isso acontece por falta de informação”, explica.
Para o secretário de Estado dos Direitos Humanos, Luiz Eduardo Oliva, a secretaria coordena as políticas públicas e o combate ao preconceito religioso. “O que acontece é que, apesar de avanços, ainda se desrespeitam os direitos religiosos. O poder judiciário está contrariando a constituição e fechando os terreiros e a liberdade de culto. Precisamos refletir e criar políticas públicas com o intuito de preservar o direito a liberdade religiosa e ao culto”, diz.
Secretário Luiz Eduardo Oliva
A OAB de Sergipe designou uma comissão de advogados para acompanhar o caso e avaliar o que poderá ser feito pelos proprietários dos terreiros.
Por Aisla Vasconcelos
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