Criticando o pensamento das igrejas evangélicas de criticar as outras religiões, Marcos Amaral mostra que é possível conviver com pessoas de credos diferentes
O pastor Marcos Amaral, da Igreja Presbiteriana de Jacarepaguá, tem
trabalhado para acabar com a intolerância religiosa no Brasil e nesta
segunda-feira, 10, fará uma reunião com lideranças na Universidade
Mackenzie em São Paulo também sobre o tema mostrando que é possível
conviver com pessoas de credos diferentes.
Amaral conta que seu primeiro contato com o público de religiões
afros foi em 2008 quando foi convidado a participar da Caminhada em
Defesa da Liberdade Religiosa, experiência que o fez enxergar o assunto
de outra forma.
“Eu estava morrendo de medo. Nunca tinha estado em contato com “essa
gente” porque, para mim, nessa época, não eram pessoas. Quando desci,
pensei em ir embora. Quando estava saindo, uma jovem correu atrás de mim
e me pediu para tirar uma foto com a mãe dela. Vi uma senhora negra com
roupas de baiana. Ela me pediu: “O senhor pode orar por mim?” e botou a
minha mão no turbante dela. Aquela velhinha me quebrou. Nunca mais a
vi, mas ela nunca saiu de mim”, disse ele.
Depois disto, o pastor passou a ter como um de seus objetivos
representar uma voz em defesa dos valores reais da religião, como a
ética. E até desaprova o comportamento de igrejas como as
neopentecostais que tratam os fieis de outras religiões como
“endemoniados”.
“Os neopentecostais têm um projeto imperialista de supremacia
política, baseada em um modelo de valorização dos países do hemisfério
norte. Não é à toa que eles chutam a santa ou associam imagens de
centros umbandistas a “endemoniados”. Há um projeto de aniquilação
religiosa no Brasil”, opina Amaral.
O presbiteriano vai tentar reunir as lideranças protestantes para
conversar sobre o tema e explicar que o estado brasileiro é laico e que o
Estado religioso não está acima do Estado civil. “Espero reunir as
lideranças protestantes éticas que digam à sociedade que o estado
brasileiro é laico e que esse comportamento fanático não reflete o Reino
de Deus. Reflete um desajuste e um projeto de poder. Vamos levantar
nossa voz para a sociedade e dizer que todos têm o direito de escolher
seu credo”.
Com informações Jornal Extra
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