16 de maio de 2011

Cebrapaz inicia ciclo de oficinas por uma cultura de paz



O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta Pela Paz (Cebrapaz) iniciou neste sábado (14) em Vila Velha, Espírito Santo, o ciclo de oficinas de formação de agentes da paz, como parte do projeto Balcão de Direitos, que se estenderá até dezembro. A palestra inaugural foi proferida pela presidente da entidade e do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, que fez um histórico da luta pela paz no mundo.

“A luta em favor da Cultura da Paz tem crescido grandemente no mundo e no Brasil, seja contra as agressões imperialistas dos Estados Unidos e seus aliados, nos conflitos internos dos países ou mesmo nas comunidades”, afirmou Socorro. Ela citou como exemplo o próprio ciclo de oficinas de formação de agentes da paz iniciado neste final de semana. Pela programação, o evento deveria ter apenas 20 participantes, mas os organizadores tiveram que aceitar o triplo de inscrições.

O evento foi coordenado por Mônica Simões, que representou o Cebrapaz capixaba. Ela descreveu a trajetória da entidade naquele estado e disse que a luta em defesa da paz é hoje um movimento que atrai cada vez mais pessoas, especialmente jovens. “Ao levantarmos esta bandeira estamos em verdade tratando de todas as causas dos trabalhadores e de toda a sociedade oprimida pelo imperialismo e pelas nossas elites”, afirmou.

O projeto de oficinas vai percorrer treze estados brasileiros, com a função primordial de formatar uma metodologia de difusão da Cultura de Paz no país inteiro. O projeto conta com a parceria da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

As oficinas são divididas em oito módulos, com carga horária de duas horas cada, perfazendo uma carga total de 16 horas. Elas tratam da construção de uma Cultura que coloque a paz como elemento presente na vida das pessoas e como forma de proteger os direitos fundamentais dos seres humanos.

Após a realização das treze oficinas, o que se prolongará até setembro, serão elaborados os materiais (livro, apostilas, DVD e outras peças) e, nos dias 10 e 11 de dezembro, será realizada a assembleia-geral de consolidação do projeto.

Recursos naturais
Em seu pronunciamento, Socorro Gomes disse que, “ao contrário do que muita gente pensa, as agressões do imperialismo ao redor do mundo têm crescido em vez de diminuírem”. Ela colocou em perspectiva histórica essas violências e ressaltou que “a ganância do imperialismo cresce sempre que os países centrais enfrentam crises econômicas e por isso eles aumentam consideravelmente seus gastos no armamentismo”.

A revitalização da Quarta Frota da Marinha americana, por exemplo, é uma demonstração dessa política de agressão, numa flagrante ameaça aos povos da parte Sul do continente americano. Ao mesmo tempo, cresce também a presença de tropas em territórios estratégicos, como é o caso da Colômbia, onde se utiliza o argumento de combate ao narcotráfico.

“Os próprios documentos que têm vindo a público, tratando supostas relações de países como Venezuela e Equador com as Farc, são formas de camuflar agressões a países livres”, disse ela. E ressaltou que, em verdade, o que os Estados Unidos e seus aliados na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) querem é assegurar o controle dos recursos naturais ao redor de todo o planeta.

Valores humanos

O segundo módulo da oficina foi sobre “Sociabilidade, Valores Humanos e Respeito ao Próximo”; o palestrante foi o psicólogo João Paulo Cunha. Ele se fez acompanhar de um grupo de jovens internados em uma entidade corretiva que contaram suas experiências de vida e defenderam a paz.

Eles disseram, em resumo, das vicissitudes da vida os levaram às ruas para se juntarem ao crime. Um dos menores presentes, de nome Sérgio Henrique, reclamou que “a sociedade está calada”. Isto porque, segundo ele, as pessoas teriam perdido o hábito de protestar e deixam que as coisas aconteçam ao sabor dos interesses das classes dominantes.

Na parte da tarde, o capitão Menezes, da Polícia Militar do estado, falou sobre a construção de uma nova polícia, que busque a solução pacífica dos conflitos na sociedade. “Para isso, os nossos novos policiais já têm uma visão de que o combate às transgressões deve se dar antes que os crimes ocorram, o que só é possível se a polícia estiver integrada às comunidades em que atua”, explicou.

Por fim, o professor Pedro Ernesto Fagundes, da Universidade Federal do Espírito Santo, fez intervenção em que historiou todas as participações brasileiras em conflitos internacionais desde a conquista do país. Ele centrou mais atenção ao colaboracionismo brasileiro com o imperialismo, em especial a partir da era Kubitschek, com as manobras que culminaram com o golpe militar de 1964, que instituiu a ditadura militar.

A oficina de Vila Velha-Vitória terá continuidade neste domingo (15), com mais quatro módulos.


De Vila Velha, Jaime Sautchuk

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