7 de abril de 2011

Budismo, paciência e união com a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa


Pertenço a uma corrente japonesa do Budismo Mahayana, Grande Veículo, chamada Budismo Primordial HBS – Hommon Butsuryu Shu. É próprio da filosofia budista esta multiversidade de caminhos, linhagens, escolas, ramos etc. Então, a tolerância religiosa, para nós budistas, nasce em casa. São tantas as formas de ver, olhar e praticar os ensinamentos do Senhor Buddha que só nos resta, humildemente, aceitar, agradecer e respeitar as outras formas de Budismo, ainda que, muitas vezes, um seja completamente diferente do outro, aparentemente, mas não na essência, não em profundidade.

O Budismo surge no século VI antes de nossa era comum. Sidarta Gautama, o Buddha, afirmava que, antes dele, já existiram muitos Buddhas e, após ele, outros viriam. Já começava aí a multiversidade. Por exemplo, a linhagem a qual estou ligado é uma escola reformada, cujas origens remontam ao profeta japonês Nichiren (1222-1282) e, só para se ter uma ideia, o Budismo Nichiren tem hoje 38 ramos diferentes. No total, podemos dizer, tranquilamente, que as linhagens búdicas vão acima de 100.

Sidarta sabia que tudo é interpretável. Então, o caminho espiritual também é assim. Por isso, ele incentivava muito o exercício da paciência. Dizia com frequência que a paciência é a maior de todas as virtudes. Podemos dizer que paciência é sinônimo de tolerância.
Vejo com excelentes olhos esse importante trabalho de aproximação inter-religiosa através da CCIR e do Fórum. Temos muito a aprender uns com os outros, crescemos, amadurecemos em prol do bem comum e da sociedade. Nosso Budismo Nichiren preocupa-se muito com a paz mundial. Acreditamos que ela começa no coração de cada ser humano.

De acordo com os ensinamentos do Buddha, todos os seres vivos e as demais coisas, fatos etc estão interligados. Então, as religiões também estão, como se fôssemos uma grande família. Daí a importância da tolerância religiosa e nos demais sentidos.

Nós, religiosos tolerantes, podemos e devemos construir um mundo melhor. Sabemos que há muito que fazer: aparar arestas, ouvir mais, dialogar bastante em prol do bem comum, sabendo que assim o planeta fica mais feliz. E todos os grandes mestres espirituais nos deixaram belos ensinamentos de felicidade.

Antonio Rocha é Gakutô (auxiliar sacerdotal) do Budismo Primordial HBS e membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa
 
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Editado por Ricardo Rubim.

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