22 de janeiro de 2011

Caminhada em Salvador pede o fim da intolerância religiosa

Reforçar a luta contra o preconceito e celebrar a convivência pacifica entre praticantes de todas as religiões. Estes foram os principais objetivos da caminhada que marcou o Dia Nacional Contra a Intolerância Religiosa, nesta sexta-feira (21/1), em Salvador.

Dia Nacional Contra a Intolerância Religiosa Cerca de 150 pessoas saíram de Itapoan e seguiram até o Abaeté, na orla marítima da cidade
Segundo os organizadores, este ano o evento contou com um número maior de representantes de diversas religiões simbolizando a ampliação do diálogo interreligioso com o objetivo de combater o preconceito. Estiveram presentes líderes da religião evangélica, católica, candomblé e umbanda.

“A grande adesão à caminhada mostra que a luta contra a intolerância está ganhando força. No entanto, ainda é preciso mostrar que o preconceito religioso persiste e deve ser combatido por toda a sociedade”, afirmou a vereadora Olívia Santana, autora da Lei que instituiu o Dia Municipal Contra a Intolerância Religiosa, que acabou inspirando a legislação nacional.

A data faz referência à morte de Mãe Gilda, a mais alta sacerdotisa do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, que sofreu um infarto, um dia após assinar a procuração para a abertura do processo contra a Igreja Universal do Reino de Deus. A foto da mãe de santo ilustrava uma reportagem intitulada "Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes", publicada no jornal Folha Universal. A Justiça condenou a Universal a indenizar os filhos da sacerdotisa.

Onze anos depois, a ialorixá Jaciara Ribeiro, filha biológica e sucessora de mãe Gilda no comando do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, não percebe redução da intolerância religiosa. "O ódio tem crescido mas, este ano, com o pacto de união das religiões, acho que vai ser um ano de mudança, de unificação", disse. A ialorixá acredita que é função dos líderes religiosos falar com suas comunidades sobre o respeito às demais religiões.

De acordo com o pastor Fernando Carneiro, da Igreja Evangélica Antioquia, a caminhada serve para mostrar consciência do respeito às religiões e reafirmar a essência das religiões que é a união. "As religiões têm concepções diferentes, mas não se deve ter ideias ruins delas. O discurso de demonização do candomblé e umbanda faz parte de um segmento da igreja evangélica que, como é mais midiatizado, faz a população acreditar que todo evangélico tem esse discurso, o que não é verdade".

Já o diretor executivo da organização ecumênica Koinonia, Rafael Soares de Oliveira, acredita que o evento é importante para afirmar que a liberdade religiosa é um direito de todos. "O povo de santo não pode ficar excluído. A intolerância é um câncer que não pode ser alimentado. A união entre religiões é para isolar quem é intolerante e se assume como tal".

Nota

Nesta sexta, em nota, a deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP), presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, emitiu nota na qual afirma que, no Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, "é oportuno lembrar que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer em busca do pleno respeito à liberdade de religião e de culto".

Segundo ela, as religiões de matriz africana são, reconhecidamente, as mais atingidas
por essa forma de intolerância,que "é uma das formas de violação de direitos humanos com maior potencial destrutivo, pois, assim como o racismo, pode incitar indivíduos a agir de forma impensada, com extrema violência, contra contingentes de seres humanos pelo simples fato de professarem determinada religião".

"Essa intolerância causa danos e faz sofrer quando motiva atos de discriminação no mundo do trabalho, na escola, na mídia e na sociedade. Por isso, cabe a todos nós, que temos responsabilidades e compromissos com os direitos humanos, a luta permanente no sentido da erradicar essa forma de violência", encerra


De Salvador,
Eliane Costa com informações do jornal Atarde


Fonte: Vermelho

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