16 de novembro de 2010

O Sagrado - A Transreligião

RESUMO

As religiões Afro-brasileiras são o local de caldeamento de várias culturas, etnias e crenças sincretizadas no primeiro momento e sintetizadas na atualidade. A fundação da FTU – Faculdade de Teologia Umbandista consolida o princípio democrático de isonomia ao receber o reconhecimento acadêmico; assim são ressarcidos discrepantes enganos, e recoloca grande contingente da população brasileira em conexão com os direitos de cidadania, o que deveria ser dado a todos os cidadãos brasileiros.
Espero ter podido contribuir no vislumbre da conexão recíproca entre Teologia e Ciência, e que isto possa sensibilizar os responsáveis pela educação de nosso país, nos vários níveis, da necessidade de valorizar-se os cursos de Teologia das Religiões Afro-brasileiras e das demais Teologias, permitindo a eles construir suas grades curriculares, com autonomia, favorecendo aos que se interessarem pelo estudo e na pesquisa da Transrligião como forma legítima de inclusão e convivência pacífica que remete ao Sagrado.
Palavras-chave: Ciência, Religiões Afro-brasileiras, Sagrado, Teologia, Transreligião.
ABSTRACT
Afro-Brazilian religions are the mixing place of various cultures, ethnicities and beliefs first syncretized and currently synthesized. The foundation of the FTU – Faculdade de Teologia Umbandista consolidates the democratic principle of equality while receiving academic recognition; so disagreeing mistakes are compensated,
replacing a large contingent of the population in connection with the rights of citizenship, which should be given to all brazilian citizens.
I hope I have been able to contribute to the glimpse of the reciprocal connection between Theology and Science, and this may sensitize those responsible for education in our country, in its various levels, the need to enhance the courses of Afro-Brazilian Religions Theology and other Theologies , allowing them to build their curriculum grids, with autonomy, favoring those interested in studying and researching Transreligion as a legitimate way of inclusion and peaceful coexistence, which refers to the Sacred.
Keywords: Science, Afro-Brazilian Religions, Sacred, Theology, Transreligion

O SAGRADO - A TRANSRELIGIÃO
As religiões Afro-brasileiras são o local de caldeamento de várias culturas, etnias e crenças sincretizadas no primeiro momento e sintetizadas na atualidade.
A fundação da FTU – Faculdade de Teologia Umbandista consolida o princípio democrático de isonomia ao receber o reconhecimento acadêmico; assim são ressarcidos discrepantes enganos, e recoloca grande contingente da população brasileira em conexão com os direitos de cidadania, o que deveria ser dado a todos os cidadãos brasileiros.
No momento em que se formalizou o saber religioso, o ingresso ao meio acadêmico poderia promover um empirismo ou pragmatismo que desdenhasse do método científico, depreciando o conhecimento superior como um todo. Opostamente a esta ideia, cremos que trazer o saber religioso para o nível acadêmico foi uma oportunidade de renovar este saber, pondo-o à prova sua essência no debate e intercâmbio com outros ramos do conhecimento, como o científico, o filosófico e o artístico.
A Faculdade de Teologia Umbandista – FTU tem procurado, e nem sempre isto é bem compreendido, identificar pontos de conciliação entre a ciência e a religião, neutralizando os vários conflitos entre o saber acadêmico e o saber religioso e, mais, procurando construir pontes, algo muito salutar para ambos.
Não se pode admitir que a Teologia como saber não tenha autonomia para ser uma unidade aberta em construção ou reelaboração. É inadmissível exigir o Sagrado segregado da Ciência, da Filosofia, da Arte enfim, dos saberes.
Veta-se na grade curricular a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, somente por ela levar transreligiosidade, uma forma de convivência pacífica entre todas as religiões e saberes vários. Por isso tenho defendido o diálogo como terapia social, cultural, política e econômica, pois nela encontro pontes que unem definitivamente os vários saberes.
Discutimos à exaustão na Escola de Síntese, que o Sagrado, a Espiritualidade é inerente a todo ser humano, vivente em seu interior, portanto, comum a todos, sejam ou não religiosos.
A assertiva da Escola de Síntese explicita que o Sagrado pode estar ou não na religião, mas que a religião é uma vertente importante do Sagrado, mas não a única.
Não descartando a religião, o Sagrado, remete-a a revisão crítica de aspectos epistemológicos, éticos e metodológicos, e mesmo de valores, como também de atuação e participação efetiva com os outros pilares do conhecimento.
Expliquemos de forma prática os pressupostos, deslocando a atuação para as religiões Afro-brasileiras e sua aderência à transreligiosidade, sendo esta sua Convergência Universal.
Há vários mitos cosmogenéticos ou da criação nas religiões afro-brasileiras, e em todos vamos encontrar a água como símbolo máximo da vida, o mesmo acontecendo com o elemento ar, ambos não isolados, mas em convergência.
Há também o mito de que os Orixás por intermédio de seu poder volitivo aplicado a uma “massa escura” deflagrou o surgimento do cosmo tendo como manifestações três fenômenos: luz, som e movimento.
Interessante que algumas teorias cosmológicas defendidas pela astrofísica admitem o big bang, tal como defendido pelos mitos das religiões afro-brasileiras, não de hoje, mas há milhares de anos. Não podemos deixar de citar estes fatos, pois os mesmos demonstram o quanto as religiões afro-brasileiras estão em sintonia com a ciência.
Após esta introdução, relembremos que fizemos no texto anterior uma ilação afirmando que a transrreligiosidade era a convergência de universalismo, e não um sincretismo, e demonstraremos da seguinte maneira.
Tomemos os dois elementos químicos formadores da molécula da água que, além de ser a base fundamental da vida planetária, é responsável pelas ¾ partes do planeta.
Como é sabido, o hidrogênio (H) e o Oxigênio (O) são os átomos responsáveis pela formação da água. Pedimos atenção especial à demonstração que farei, pois apesar de simples explica o propugnado.
Iniciemos pelo elemento químico Hidrogênio (H). É um gás incolor, inodoro e não venenoso e altamente inflamável (dizem que será o combustível do futuro). Está disperso na natureza na porcentagem de volume de 0,01 % na porcentagem de massa de 0, 006%.
Continuamos demonstrando desta vez algumas propriedades do Oxigênio (O). É um gás incolor, inodoro, não inflamável, mas comburente, alimenta as combustões (queimas), é indispensável à vida (a maioria dos seres vivos respiram e não dispensam o Oxigênio). Está disperso na natureza na porcentagem de volume de 21%) e na porcentagem de massa de 23%.
Para nossos objetivos as informações fornecidas são suficientes para a demonstração. Acabamos de saber que nas condições normais na natureza, em especial na atmosfera, ambos os elementos são gasosos. O Hidrogênio é inflamável e o Oxigênio comburente.
Mas por que estamos citando suas propriedades físico-químicas? Pois eles são os elementos que dão formação a água (H2O). Sim, todos sabem disso, mas o importante é a constatação que embora dêem formação à água, a mesma tem propriedades diametralmente opostas, tanto do Hidrogênio como do Oxigênio.
A água na natureza (na maioria das vezes) é liquida os seus componentes são gasosos. A água pode apagar o fogo, ou seja, não é combustível (H2) e nem comburente (O2). Muitas seriam as diferenças, mas o que queremos ressaltar é que apesar da água ser formada de Oxigênio e Hidrogênio, é uma outra realidade – a este realidade é o que denominamos síntese. Portanto, na “síntese os elementos constitutivos desaparecem na aparência, mas persistem na essência para dar lugar a uma realidade superior”. É o que também acontece com o Sagrado, com a transdisciplinaridade e com a transreligiosidade que definimos como “Convergência de Universalismo”, ou Síntese. O mesmo se dá com a Escola de Síntese.
Mas continuando, e isto é muito interessante, penetremos em outras “curiosidades” dos elementos químicos citados: Hidrogênio e Oxigênio. O Hidrogênio tem seu peso atômico como sendo 1. O Oxigênio, por sua vez, tem o peso atômico 16. O número 1 relacionado à unidade, a existência individualizada, a continuidade, portanto, dentro das Tradições Afro-brasileiras associado a Exu – símbolo por excelência da existência individualizada segundo reza mito dos odu ifa.
O número 16 esta relacionado aos 16 “Orixás”, aos 16 Oju odus (Babaodu – odu duplos – meji) com que se escreveu o destino do Cosmo e do indivíduo.
Se somarmos os dois pesos atômicos teremos 16 + 1=17. Sim, o 17 é o Odu Oxétuá formado pelo 15º Odu (Oxé) e o 13º Odu (Otura ou Otuwá). Portanto Oxetuá, com toda sua valência de ser aquele que foi gerado pelo “Poder mágico” o Akinosho, ao qual rendemos homenagem, pela sua tarefa de ir à frente, facear com Oludumare, e trazer paz, vida e prosperidade ao mundo, e tantos outros bons augúrios aos destinos coletivos e individuais.
Espero ter podido contribuir no vislumbre da conexão recíproca entre Teologia e Ciência, e que isto possa sensibilizar os responsáveis pela educação de nosso país, nos vários níveis, da necessidade de valorizar-se os cursos de Teologia das Religiões Afro-brasileiras e das demais Teologias, permitindo a eles construir suas grades curriculares, com autonomia, favorecendo aos que se interessarem pelo estudo e na pesquisa da Transreligião como forma legítima de inclusão e convivência pacífica que remete ao Sagrado. Axé!

Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá
Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico
Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de curar”
Publicação 91

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