Talita Mochiute
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Os meios de comunicação expressam o racismo que existe na sociedade brasileira. A mídia reproduz os estereótipos relacionados à população negra. Não há espaço para temas de interesse da comunidade negra na grande imprensa. Essas foram algumas das constatações feitas pelos debatedores presentes na mesa-redonda As relações étnico-raciais na Comunicação, promovida pela ONG Brasil – Feira e Congresso Internacional para ONGs, que ocorre até sábado (5/12) na capital paulista.
"A análise da cobertura da questão das cotas raciais revela a parcialidade da grande imprensa. Os veículos não dão voz aos diversos atores sociais", exemplificou o presidente da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Corija), do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Flávio Carranza.
Além do diagnóstico, os debatedores pensaram soluções para tornar a mídia mais democrática. Segundo Carranza, com a Conferência Nacional de Comunicação, convocada para o período de 14 a 17 de dezembro deste ano, o momento é bastante propício para discutir os marcos regulatórios da mídia. "Temos de pressionar para que haja mecanismos de participação que tornem os meios de comunicação mais democráticos".
O jornalista Nuno Coelho, da organização Agentes Pastoral dos Negros (APNs), também acredita que a Conferência pode provocar esse movimento. "Temos de dizer ao governo que queremos um espaço de participação e de monitoramento dessa política de comunicação".
Já o jornalista Jader Nicolau Júnior, idealizador do Portal Afro, enfatizou que não basta conseguir alteração nas leis. "É preciso também garantir recursos para que a política pública se efetive. Por exemplo, quando a TV Comunitária foi aprovada, deixaram de lado a questão do financiamento".
Ocupando os espaços
Enquanto não ocorrem as mudanças legais, Coelho defende a ocupação dos instrumentos atuais de monitoramento de mídia, como Centros de Referências de Combate ao Racismo, ouvidorias e também do espaço para cartas dos leitores.
Para Nicolau Jr, a Internet é outra ferramenta de combate ao racismo. Também considera que esse espaço merece ser mais ocupado por conteúdos de interesse da comunidade negra. "Nós já estamos há 10 anos na rede. E há várias iniciativas. É necessário ainda aproveitar a possibilidade de produzir nos formatos de rádio e TV para distribuição online".
Viviane Ferreira, educadora da Associação Mulheres de Odum, ressaltou que a sala de aula também é um "ambiente perfeito" para combater o racismo e trabalhar com a diversidade.
Esse grupo de jovens negras feministas realiza oficinas e cursos a distância dentro da temática cultural, racial e de gênero. "Trabalhamos pela democratização dos meios culturais. Boa parte dos valores de nossa população é disseminada pelos meios culturais – cinema, teatro, televisão – e de comunicação", comentou Viviane.
Para cumprir seu objetivo, o grupo também produz documentários e videoclipes. "Temos de lançar mão da criatividade para nos fazer presentes neste ambiente da comunicação como um todo. Também é necessária uma aliança entre os três setores se quisermos intervir na estrutura de poder na nossa sociedade", concluiu Viviane.
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