Sáb, 14 de Novembro de 2009 10:32
Sondagem em oito países da UE constata que quase metade dos entrevistados
tem preconceitos de ordem racial, sexual, religiosa ou contra minorias.
Quase metade dos entrevistados em oito países europeus tem preconceitos
contra minorias, seja ela de migrantes, judeus, mulheres, homossexuais ou
grupos religiosos.
A conclusão é de um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa
Interdisciplinar sobre Conflitos e Violência, de Bielefeld, e do Instituto
Amadeu Antonio, de Berlim, apresentado nesta sexta-feira (13/11) na capital
alemã. Conforme a sondagem, 50% dos entrevistados acham que em seus países
existem imigrantes demais e 43% rejeitam direitos iguais para homossexuais.
O nível mais baixo de discriminação foi detectado na Holanda, seguida por
Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Portugal. Os maiores níveis de
preconceito foram detectados na Polônia e na Hungria. A pesquisa ouviu 8 mil
pessoas com mais de 16 anos em oito países da União Europeia (Alemanha,
Reino Unido, França, Itália, Holanda, Portugal, Polônia e Hungria).
Segundo o estudo, metade dos entrevistados (50,4%) respondeu que concorda
com a frase "existem imigrantes demais em meu país" e 54,4% acham que o
islamismo é uma religião de intolerância. Os valores variam, em parte,
sensivelmente de país para país. Enquanto na Polônia 27% acham que há
imigrantes demais no país, na Holanda são 46% e na Itália, 62,4%, o maior
porcentual entre os entrevistados.
Hierarquia
Quase um quarto (24,4%) acredita que os judeus têm "influência demais" no
seu país. E quase um terço (31,1%) dos entrevistados são da opinião de que
há "uma hierarquia natural entre negros e brancos".
Além disso, a maioria dos participantes do estudo (60,2%) é a favor da
manutenção dos papéis tradicionais entre os sexos e deseja que as mulheres
levem mais a sério seu papel de mães e donas-de-casa, enquanto 42,6%
rejeitam direitos iguais para homossexuais e acham que a homossexualidade é
algo "imoral".
Na apresentação do estudo em Berlim, Cem Özdemir, presidente do Partido
Verde, disse que o resultado apresenta uma "situação dramática" na Europa.
Por isso, segundo ele, as instituições de ensino devem valorizar mais "a
educação dirigida aos valores democráticos".
"Mais de 200 anos após o Iluminismo, não estamos no estágio mais elevado da
civilização humana, enquanto somos cercados pela barbárie. Mas a barbárie
está dentro da União Europeia", salientou Özdemir. Mesmo assim, ele vê o
papel da União Europeia de forma positiva: "A UE tornou possíveis progressos
substanciais, como, por exemplo, a diretriz europeia contra a discriminação,
que por muito tempo foi rejeitada por tantos países. Por isso, ela está no
caminho certo."
O político classificou como positivo que tenha sido comprovado que, em seis
dos oito países, o contato pessoal com representantes de uma minoria, como
imigrantes, judeus ou homossexuais, levou ao fim do fim de preconceitos
também com relação a outros grupos.
Entre os principais fatores que favorecem o surgimento de preconceito está,
segundo os realizadores do estudo, o posicionamento autoritário das pessoas,
o sentimento subjetivo de ameaça por estrangeiros e a negação de diferenças
culturais.
Outros fatores são, conforme o estudo, baixos níveis de educação, idade
avançada e fortes identificações regionais ou nacionais, assim como a
religiosidade. "Quanto mais religiosas as pessoas se dizem, maior é a
tendência de elas desenvolverem preconceitos contra outros grupos", afirma
Andreas Zick, responsável pelo estudo.
MD/kna/dpa/epd
Revisão: Roselaine Wandscheer
© Deutsche Welle
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