28 de janeiro de 2013

Brasileiro "País do Desejo" aborda embate entre religião e ciência

24 de Janeiro de 2013  15h37  atualizado às 15h57

O antigo debate entre ciência e religião é o que move "País do Desejo", novo longa do cineasta Paulo Caldas ("Deserto Feliz"), cuja trama envolve um padre (Fábio Assunção), uma pianista (Maria Padilha) e um médico (Gabriel Braga Nunes).
Recife e Olinda, onde as cenas foram filmadas, ganham nomes míticos de Pasárgada e Eldorado, o que tenta adicionar uma outra dimensão ao filme.
José (Fábio Assunção) é um padre um tanto anticonvencional, já que apoia que uma garota de 12 anos, estuprada pelo tio e grávida de gêmeos, faça um aborto. Quando isto acontece, o bispo (Nicolau Breyner) excomunga a menina, a mãe dela e o médico, porém, não o estuprador, o que gera mais revolta no sacerdote. Essa parte da trama é inspirada num fato real, acontecido em Pernambuco em 2009.
Esta é uma das decepções que o padre tem com a Igreja. Ainda assim, defende a fé sempre que entra em discussão com seu irmão médico, César (Gabriel Braga Nunes). Ele irá tratar de Roberta (Maria Padilha), uma pianista que sofre de uma doença renal crônica e tem uma crise enquanto está na cidade onde fica a paróquia de José.
Aos poucos, o padre se interessa pela pianista, e esse amor mudará o seu destino em vários sentidos. É nesse momento que o embate entre ciência e religião ganha alguns contornos mais nítidos no longa, roteirizado por Caldas, Pedro Severien e Amin Steppler. Mas essa questão permanece num campo mais superficial, nunca vai fundo.
Contando com um bom casal de protagonistas --Maria Padilha e Fábio Assunção--, o filme nem sempre aproveita todo o potencial deles e as possibilidades que a trama oferece, deixando-se dissolver em cenas, personagens e situações sem muito a dizer, como a enfermeira japonesa (Juliana Kametani), que lê mangás eróticos enquanto come hóstias com ketchup.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb


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