24 de Janeiro de 2013 • 15h37 • atualizado às 15h57
O antigo debate entre ciência e religião é o que move
"País do Desejo", novo longa do cineasta Paulo Caldas ("Deserto
Feliz"), cuja trama envolve um padre (Fábio Assunção), uma pianista (Maria
Padilha) e um médico (Gabriel Braga Nunes).
Recife e Olinda, onde as cenas foram filmadas, ganham nomes
míticos de Pasárgada e Eldorado, o que tenta adicionar uma outra dimensão ao
filme.
José (Fábio Assunção) é um padre um tanto anticonvencional,
já que apoia que uma garota de 12 anos, estuprada pelo tio e grávida de gêmeos,
faça um aborto. Quando isto acontece, o bispo (Nicolau Breyner) excomunga a
menina, a mãe dela e o médico, porém, não o estuprador, o que gera mais revolta
no sacerdote. Essa parte da trama é inspirada num fato real, acontecido em
Pernambuco em 2009.
Esta é uma das decepções que o padre tem com a Igreja. Ainda
assim, defende a fé sempre que entra em discussão com seu irmão médico, César
(Gabriel Braga Nunes). Ele irá tratar de Roberta (Maria Padilha), uma pianista
que sofre de uma doença renal crônica e tem uma crise enquanto está na cidade
onde fica a paróquia de José.
Aos poucos, o padre se interessa pela pianista, e esse amor
mudará o seu destino em vários sentidos. É nesse momento que o embate entre
ciência e religião ganha alguns contornos mais nítidos no longa, roteirizado
por Caldas, Pedro Severien e Amin Steppler. Mas essa questão permanece num
campo mais superficial, nunca vai fundo.
Contando com um bom casal de protagonistas --Maria Padilha e
Fábio Assunção--, o filme nem sempre aproveita todo o potencial deles e as
possibilidades que a trama oferece, deixando-se dissolver em cenas, personagens
e situações sem muito a dizer, como a enfermeira japonesa (Juliana Kametani),
que lê mangás eróticos enquanto come hóstias com ketchup.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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