por Arísia Barros
http://www.cadaminuto.com.br/blog/blog-raizes-da-africa
Recebo na manhã do dia 01 de junho um telefonema de Misiara Oliveira- chefe de gabinete da Secretaria de Educação Especial, Ministério de Educação nos falando sobre a leitura do artigo que publicamos neste blog, dia 31/05 sobre o título:" A construção das relações de poder na educação segrega as pessoas diferentes, tornando-as desiguais".
Misiara reafirma a importância do convite a SECAD/MEC para a indicação de 02 representações do movimento negro (Alagoas e Bahia) para participação no Seminário Internacional:"A Escola Aprendendo com as Diferenças" e continua: "o convite visava justamente isso: possibilitar a reflexão extra-grupo sobre os limites e possibilidades da educação inclusiva, o que pressupõe entender, explicar, pensar e contextualizar a diversidade como um permanente processo de ensino-aprendizagem".
Entusiasta Misiara reafirma o compromisso da SEESP/MEC na perspectiva de consolidar a implementação da "educação inclusiva como um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à idéia de eqüidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola" e propõe a realização, o mais breve possível, de uma escuta nacional sobre a temática: "negritude e deficiência" , novos caminhos para o estudo da Lei Federal nº 10.639/03 e outras questões pertinentes.
Pessoalmente fico feliz com a positiva repercussão das proposições do blog Raizes de África junto à SEESP, como também da maturidade política apresentada pela gestão da Secretaria Nacional (não é todo dia que a gestão estatal responde de pronto e positivamente), ao perceber nossos argumentos como um olhar contributivo para o desenvolvimento de uma política macro que invista, sem as estereotipadas barreiras sociais, em um processo de humanização na construção da identidade étnica do deficiente.
Nos apressamos, através de uma ligação telefônica em levar ao conhecimento de Leonor Araujo, coordenadora geral de Diversidade/SECAD/MEC as proposições da SEESP.
Leonor demonstrou uma enorme satisfação e referenciou positivamente a Secretaria de Educação Especial pela iniciativa de pensar políticas que se inter-relacionam e estabelecem a interação entre atrizes/atores estatais constituindo assim uma abrangente rede de trabalho sobre deficiência e educação das relações étnicorraciais. Elói Ferreira, ministro-chefe da Igualdade-racial foi enfático: é uma nova frente que se abre de combate ao racismo.
Entre ser mulher, negra e deficiente, sinto que sou mais discriminada nos bancos pela cor da minha pele.
por Arísia Barros
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Diversidade é o discurso contemporâneo da legitimação do diferente. A consciência do SER profundamente enraizada na cultura do direito individual, como bem social e coletivo. Equidade!
Desde o Brasil colônia o povo negro foi estigmatizado com o inadequado sentido da "coisificação" assumindo o incomodo lugar movediço de mero objeto produtivo. Era preciso produzir para ter serventia e negros doentes eram "produtos" desqualificados.
Apesar dos 122 anos que nos separam da abolição inacabada, o imaginário social cristalizou, como se fosse uma imagem geracional, a falsa e racista concepção da inferioridade étnica da população negra.
Estigma que funciona como instrumento de controle social para desvalorizar, desacreditar e marginalizar uma população que na atualidade ainda sofre o emprego ideológico da história que alicerçou memórias segmentadoras.
Como é ser negro e deficiente no Brasil?
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (2004) existem quase 25 milhões de deficientes físicos no Brasil, 47% dos quais são negros (11.649.256)
No tocante à distribuição geográfica as regiões Norte e Nordeste têm 16,1% e 16,7 % dos deficientes ao passo em que 12,9% estão no Sudeste.
Quais são os estudos existentes no Brasil sobre as características estigmatizadas – ser negr@ e deficiente físico?
Qual o lugar social do personagem de Monteiro Lobato, Saci-Pererê, um deficiente negro?
A deficiência como hiato racial entre negros e brancos.
Muita gente apresenta certo "desconforto' ao compartilhar o espaço com uma pessoa deficiente, e se o deficiente for negr@...
"B. foi contratada por uma instituição financeira dentro da cota para deficientes exigida pela lei. Logo nos primeiros dias de trabalho, ela sentia os olhares atravessados e a cara fechada das pessoas, principalmente no elevador. Uma gestora que trabalha no seu departamento nem a cumprimentava, mesmo após os insistentes "olás" de B. Daí para as piadinhas racistas foi um passo.
"Até o dia que me irritei e cobrei o fim das piadinhas de negro. Exigi respeito e, a partir do momento em que as pessoas me viram andando com o pessoal do Sindicato, as piadinhas pararam", conta.B. é a única negra no seu departamento. Segundo o Mapa da Diversidade, o número de bancários negros representa menos que 3% da categoria. "O número de negros é extremamente baixo e talvez isso reforce o preconceito.
Entre ser mulher, negra e deficiente, sinto que sou mais discriminada nos bancos pela cor da minha pele", diz B.
A síndrome Down pode não fazer distinção de cor antes do nascimento, mas há fará alguns anos depois. Um estudo realizado em 2001 pelo Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos concluiu que, em média, brancos com a síndrome vivem o dobro do tempo que os negros. Como especialistas ainda não sabem explicar o porquê de tamanha disparidade, o assunto ainda merece mais pesquisas. (Paulo Alberto Otto, da Universidade de São Paulo (USP).
Porque os/as pesquisadores não despertaram para o território de investigação sobre a mortandade de downs negros?
Segundo um site na internet: "É fundamental deixar claro que entre os surdos há uma série de subgrupos: ser surdo negro não é o mesmo que ser surdo branco ou rico ou pobre ou mulher"
Nada é mais eficiente em sua deficiência do que o racismo brasileiro!
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