Fonte: Vermelho
Toma Nota! Sou árabe
Arrancaste as vinhas do meu avô
A terra que eu arava
Eu, os filhos, Todos
Nada poupaste...
Pra nós, pros netos
Só pedras, pois não
E o governo, o teu, já fala em toma-las
Pois então!
Toma nota!
No alto da primeira página
Não odeio ninguém
Não agrido ninguém
Ao sentir fome, porém,
Como a carne de quem me viola
Atenção...Cuidado...
Com minha fome... com minha fúria!
(Mahmud Darwich*)
O coração da humanidade bateu forte no dia 29 de novembro,
em uníssono com o povo Palestino. No Brasil, a cidade de Porto Alegre recebeu
lutadores pela causa Palestina do mundo inteiro, que ali vieram manifestar sua
determinação de intensificar a luta pelo Estado livre e soberano do povo palestino.
Não foi fácil sua realização, pois as pressões contrárias advindas de grupos
sionistas se fez sentir a todo momento.
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No entanto, valeu a pena. Ali, naquele pedacinho do mundo se
tratou da construção da unidade na diversidade de opiniões, sobre o melhor
caminho, a melhor e mais eficiente maneira de fazer avançar a solidariedade a
uma das mais nobres causas da humanidade, a causa do povo palestino.
Realizaram-se conferências e debates sobre os principais obstáculos à
construção do Estado palestino. Foram feitas denúncias dos crimes de guerra
perpetrados por Israel e apoiados pelos Estados Unidos, seja sob governos
democratas ou republicanos.
A decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) de elevar o
status da Palestina a Estado observador foi comemorada no mundo inteiro. Foi a
vitória de um povo martirizado há mais de seis décadas, que não desistiu da
luta por seu direito de existir. Foi também uma vitória dos povos do mundo que
não aceitam que a humanidade seja submetida pela força bruta das armas, através
da chantagem e do terror, das guerras de conquista e do genocídio prolongado
executado pelo regime sionista de Israel contra o povo palestino. Uma
significativa vitória do povo palestino na luta por seu direito de existir como
nação, com seu território, suas fronteiras, sua organização livre e soberana,
independente, para onde possam retornar milhões de refugiados.
Os ativistas e as organizações do movimento social que
compareceram ao Fórum Palestina Livre foram atacados por frases altissonantes e
ameaçadoras daqueles que tentaram impedir a sua realização - “um foro de apoio
ao terrorismo” diziam, um “foro contra o Estado de Israel, a maior democracia
do mundo”. Estas afirmações estavam em absoluto contraste com o clima de
cordialidade, fraternidade, unidade, apesar das diferenças, e do compromisso
com a paz que nortearam a determinação de aprofundar a denúncia dos crimes de
guerra de Israel, as prisões ilegais, o muro da vergonha, os chekpoints, os
assassinatos dos pescadores palestinos pelo exército de Israel, demonstrando a
clara consciência de que para conquistar a paz no Oriente Médio, é necessário
reconhecer e garantir o Estado Livre e Soberano Palestino Já.
A intimidação, a chantagem, as ameaças hostis e de
cometimento de mais crimes de lesa-humanidade, vieram da boca do
primeiro-ministro israelense Benyamin Netanyahu, ao anunciar a determinação de
dar continuidade às ações criminosas contra o povo palestino: a construção de
mais três mil casas na Cisjordânia e em Jerusalém Leste, território palestino.
O governo israelense anunciou mais ações criminosas na sequência da vitória
palestina na ONU: não repassará o dinheiro do Estado palestino, dinheiro dos
impostos pagos pelo povo palestino. Todas estas declarações e ações, que
denotam ódio e vingança, feitas logo em seguida à aprovação do Estado da
Palestina como Estado observador na ONU, são tentativas de aterrorizar, de
impedir que o direito dos palestinos prevaleça. Ao mesmo tempo, o regime
sionista anuncia que não respeita as decisões da ONU, como nunca respeitou ao
longo destas décadas de horror para os palestinos. Assim é que para os povos
vai ficando muito claro quem não quer a paz e se opõe ao diálogo no Oriente
Médio.
O governo de Israel busca o caminho da intimidação e da
chantagem para tentar impedir que o povo palestino siga adiante e não hesita em
usar seu exército, um dos mais armados da face da terra com seus tanques e suas
bombas, para eliminar fisicamente centenas de palestinos, não importando se
homens, mulheres e crianças.
O regime sionista conta com o apoio do seu grande protetor -
“quem disso usa, disso cuida” -, o imperialismo estadunidense, que usa Israel
para buscar garantir seu domínio no Oriente Médio, e tem a seu lado a grande
mídia como veículo para difundir seu falso cantochão de que busca assegurar sua
defesa quando se põe acima das leis internacionais e comete crimes como
destruição das casas dos palestinos, o roubo de seus olivais, a apropriação de
suas fontes de água, a construção de casas de colonos israelenses nos terrenos
de onde arrancaram à força das armas os palestinos que ali nasceram, de pais
que nasceram e viveram suas vidas ali naquele pedacinho de chão, que naqueles
quintais cavaram o poços para abastecer de água sua família.
As resoluções da ONU sobre os direitos do povo palestino têm
recebido total desprezo por parte do Estado de Israel, pois é uma política de
Estado a expulsão contínua dos palestinos de sua terra, a limpeza étnica, as
prisões cheias de palestinos, desde deputados no exercício de seus mandatos a
mulheres e crianças até os assassinatos dos pescadores. Tudo converge para o
mesmo objetivo dos sionistas - a usurpação do território pertencente ao povo
palestino.
Com o reconhecimento ainda que limitado, por parte das
Nações Unidas, do Estado Palestino - destacando que neste processo observa-se
também a busca da unidade entre as diversas correntes políticas da resistência
- a luta contra a ocupação israelense conquistou uma vitória significativas.
Como disse o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas: “Esta
foi a vitória da unidade”. Isto nos dá a convicção de que o povo palestino - os
desterrados, os presos de guerra nas masmorras israelenses, as crianças
perseguidas e torturadas pela ocupação de Israel, a população de um modo geral
têm o que comemorar. A política sionista de genocídio prolongado está com os
dias contados.
O heroísmo e a luta do povo palestino, junto com
solidariedade dos povos, garantirá o Estado livre e soberano do povo palestino,
passo imprescindível para a paz no Oriente Médio e um dever da humanidade.
O Fórum Social Mundial Palestina Livre apontou algumas
bandeiras de luta, entre outras, pela criação do estado da Palestina Já; contra
os acordos militares de Israel com nossos países; boicote aos produtos oriundos
das terras saqueadas dos trabalhadores palestinos e entregues aos colonos
judeus militarizados.
Saímos do Fórum Palestina Livre, mais fortes e unidos,
crescidos em nossa humanidade, com a convicção de que os povos em luta porão
fim a esta era de opressão e construirão um mundo de Paz. A causa palestina é
causa da humanidade.
Estado da Palestina Já!
Como dizíamos durante o Fórum, “Todos somos Palestinos”!
Mahmud Darwich é poeta palestino
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