22 de maio de 2012

Cultura e tradições milenares da Índia

Um país repleto de mistérios, misticismo e curiosidades. Os brasilienses terão a oportunidade de conhecer mais sobre a história e a cultura da Índia em uma grande exposição que chega a cidade

Narjara Carvalho
ncarvalho@jornaldacomunidade.com.br
 Redação CerradoMix
Um altar com Ganesh, a mais venerada representação de Deus
 no hinduísmo, é uma das atrações da exposição Índia!Um altar com Ganesh, a mais venerada representação de Deus no hinduísmo, é uma das atrações da exposição Índia!
















Localizada na região centro-sul da Ásia, a Índia é um caldeirão cultural onde se misturam muitas religiões, costumes, tradições e paisagens. Muita gente é atraída por esse país especialmente devido a uma certa aura mística e espiritualidade que cercam a história indiana. A partir desta semana, o público poderá conferir alguns aspectos culturais de uma das nações mais populosas do mundo na exposição Índia!, que entrará em cartaz no dia 22 de maio, no Centro Cultural Banco do Brasil.

Serão mais de 300 peças, entre objetos sacros, estátuas, vestimentas, máscaras, pinturas e fotografias. Para iniciar o passeio pela mostra, o visitante é convidado a assistir um vídeo de sete minutos, que o prepara para mergulhar na história milenar desse país. A seguir, vale a pena conhecer curiosidades acerca de algumas divindades cultuadas pelos indianos, entre elas, Ganesh, a mais venerada representação de Deus no hinduísmo, simbolizada por uma imagem de quatro braços, barriga avantajada e cabeça de um elefante. Na Índia, é comum ver imagens de Ganesh nas portas dos templos e casas para proteger as suas entradas. De acordo com os hindus, esta divindade é capaz de remover todos os obstáculos, é o protetor de todos os seres e também o deus do conhecimento.

Diversidade

O curador da mostra, Pieter Tjabbes, um holândes radicado há 20 anos no Brasil, conta que o acervo da mostra foi escolhido pessoalmente por ele, durante nove meses em viagens pela Índia. “Fui buscar objetos do dia a dia. Pude, ainda, me encontrar com artistas; algumas peças foram encomendadas”, afirma. Segundo ele, a ideia era sair à procura de itens tradicionais daquele país. “Os tecidos são todos usados, alguns em cerimônias de casamento. Por exemplo, o acervo tem sáris de mais de 50 anos”, ressalta.


Índia! conta também com peças emprestadas por museus da Europa e traz, entre outras curiosidades, um original tuk-tuk, veículo bastante comum que trafega nas ruas e avenidas indianas. Trata-se de triciclo motorizado que é usado, geralmente, como táxi. O acervo da mostra tem também figurinos produzidos para a novela Caminho das Índias, exibida pela TV Globo em 2009. Sucesso de audiência, o folhetim da escritora Glória Perez ajudou a difundir ainda mais a cultura indiana no Brasil. “Apesar disso, eu percebi que o conhecimento sobre a Índia é muito pequeno entre os brasileiros. Com essa mostra, damos um passo importante para um entendimento melhor entre as culturas indiana e brasileira”, avalia o curador.


Segundo ele, Brasil e Índia são bem diferentes, mas, ainda assim, possuem pontos em comum. “Acho que a arte popular é muito proeminente em ambos os países e, por isso, quis focar bastante esse aspecto”, relata. “Vemos isso em pequenas esculturas, pinturas, coisas feitas por artistas não formais, tal qual observamos aqui, em estados como Minas Gerais ou na região Nordeste”, explica.
Tjabbes diz ter priorizado a diversidade cultural na organização cenográfica. “Cada sala tem um caráter distinto, uma decoração exclusiva, um jeito diferente de fazer o espectador apreciar as atrações”, comenta o curador.



Detalhes da exposição

[credito=Fotos: Juergen Liepe] 







 A mostra está organizada em três módulos que apresentam características distintas da Índia. No primeiro, O Cotidiano, estão expostos objetos do dia a dia, entre utensílios domésticos, roupas, máscaras, fantoches da tradicional prática de narração de histórias, instrumentos musicais, pinturas e terracotas. Destaque para os tecidos utilizados nas roupas, que também compõem este segmento, entre eles, o Kalamkari, do século XIX.

O segundo módulo, O Sagrado, tem como foco a diversidade religiosa. São esculturas, pinturas e objetos de diferentes épocas, como o Busto de figura feminina, aparentemente deusa-mãe, de 200 a.C., e a escultura Buda no momento de sua iluminação mostrando o Bhumisparshamudra, o gesto de chamar a terra por testemunha, datada do século XI.


Para Tjabbes, esse espaço promete ser um dos mais visitados. “A parte religiosa é extremamente forte na Índia. Mesmo quando você não quer, as questões espirituais entram no assunto. E a sala preparada para abordar esse tema tem formato circular, para dar igual importância a todas as crenças”, esclarece.


Por último, o visitante passará pelo bloco Formação da Índia Moderna, que mostra  a visão do indiano sobre seu povo e o desenvolvimento das cidades entre 1860 e 1920. Traz gravuras, peças de mobiliário, armas e uma seleção de fotografias antigas. São cerca de 100 imagens pertencentes à Fundação Alkazi, de Nova Delhi; algumas delas tratam sobre a luta de Mahatma Gandhi pela independência da Índia, e foram registradas por Homai Vyarawall, a primeira repórter fotográfica do país.


A exposição exibe também um acervo de obras de arte contemporânea. Em Índia – Lado a lado estão trabalhos de 17  artistas. São esculturas, fotografias, pinturas, vídeos e instalações, sendo que algumas foram produzidas especialmente para o evento. As imagens tratam de questões históricas, sociais, econômicas e urbanísticas. Os artistas não se prendem a uma forma de expressão, dedicam-
se a diversos meios simultaneamente, e suas obras unem inovadoras tendências mundiais à tradição de mais de 5 mil anos do país.
 

[credito=Fotos: Juergen Liepe] 












ÍNDIA!
De 22 de maio a 29 de julho; de terça a domingo, das 9h às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, trecho 2). LIVRE PARA TODOS OS PÚBLICOS.



Tradição e modernidade
A Índia possui uma das civilizações mais antigas do mundo. São mais de 5 mil anos de história. Faz fronteira ao norte com a China, Nepal e Butão; a leste com Mianmar; a sul e leste com Bangladesh e golfo de Bengala; no sul com o estreito de Palk, onde faz fronteira com o Sri Lanka, Oceano Índico e mar das Laquedivas; a oeste com o mar da Arábia e a oeste e norte com o Paquistão. O hindi é a língua nacional e primária, mas há outros idiomas oficiais: inglês, bengali, telugu, marathi, tamil, urdu, gujarati, malayalam, kannada, oriya, punjabi, assamese, kashmiri, sindhi e hindustani, que é uma variação popular do hindi/urdu.


Se tudo ocorrer dentro do previsto, a Índia – segunda nação mais populosa do mundo, com 1,2 bilhão de habitantes – será a terceira maior potência do planeta nos próximos 40 anos. Para se ter uma ideia, o Aeroporto Indira Ghandi, inaugurado em julho de 2009, tem capacidade para 34 milhões de passageiros. Isso é quase 50% a mais do que o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. A dimensão desta obra dá a noção das mudanças que estão acontecendo naquele país.


Na capital Nova Delhi é possível observar a transformação econômica e social  pela qual a Índia está passando. A cidade está ganhando um novo visual e parece, atualmente, um enorme canteiro de obras. São estradas, viadutos, pontes, prédios comerciais e residenciais. A paisagem urbana, por sua vez, recebe, aos poucos, um ar de modernidade. Bem diferente do que ocorria há 10 anos, quando obras de infraestrutura eram praticamente uma utopia para os habitantes daquele país. Para aliar modernidade e desenvolvimento, a Índia precisa enfrentar um grande desafio: diminuir a desigualdade social e tirar 37% da sua população da miséria absoluta. São 444 milhões de pessoas nessa condição.

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