12 de janeiro de 2012

100 anos após “destruição de terreiros” polêmica continua


Este ano é comemorado em Alagoas o centenário do episódio que ficou conhecido como “Quebra de Xangô”, no qual religiosos de matriz africana tiveram seus terreiros e indumentárias destruídos, devido à intolerância religiosa que se perpetua até hoje no Estado, com casos recentes, que chegaram a ser levados para o Ministério Público (MP).
No dia 8 de dezembro do ano passado, quando foi comemorado o dia de Nossa Senhora da Conceição e Iemanjá o município de Maceió limitou os festejos, que tradicionalmente acontecem na praia de Pajuçara.
Os religiosos fizeram uma denúncia formal, pedindo a retratação da Prefeitura, que teria ferido o Estatuto da Igualdade Racial, onde está prevista a livre manifestação dos cultos de matriz africana.
No entanto, projetos como o Xangô Rezado Alto, que será promovido pela Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) a partir do dia 1° de fevereiro, busca resgatar as tradições afro e utilizar o “Quebra” como símbolo de luta contra a intolerância religiosa.
Segundo Vinicius Palmeira, coordenador do projeto, a programação terá início em fevereiro e deve se estender até maio, embora o objetivo seja dar continuidade às ações com a colaboração dos parceiros como a Ufal, Cesmac, Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos, Iteral, Secretaria de cultura e de educação, Iphan, Instituto Histórico e Geográfico, Cojira, Ifal e Braskem.
Contra a intolerância
Ele explicou que na noite do dia 1° de fevereiro haverá uma homenagem aos antepassados, com um cortejo, que seguirá em direção à Praça dos Martírios. “Durante o cortejo serão acesas tochas e os atabaques vão ser tocados. As luzes da praça vão estar apagadas para lembrar o Quebra, que ocorreu em 1912. Já no dia 2 haverá apresentações de afoxés e de demais manifestações afro”, informou ele.
Palmeira afirmou que o projeto foi idealizado para que a intolerância religiosa possa ser combatida em Alagoas. No mês de março haverá um prêmio de incentivo à produção cultural das comunidades terreiros. Já em abril, será realizado o Congresso alagoano de cultura afro brasileira.
Na programação está também uma exposição, retratando a presença negra no Estado, Em maio acontecerá o seminário de políticas afirmativas para os terreiros e o encontro de ogãns – nome genérico para diversas funções masculinas dentro de uma casa de Candomblé- entre outras ações.
“A Uneal é a proponente do projeto, mas o objetivo é plantar uma semente. Haverá oficinas do saber que contemplarão a musicalidade afro e a utilização de plantas medicinais. Os atos de intolerância que vêm acontecendo são um atraso para o Estado, sinal de que a gente tem que trabalhar da melhor maneia possível para que a intolerância religiosa seja superada”, destacou.

Fonte: Correio do Povo de Alagoas

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