11 de maio de 2011

Ministra da Cultura sofre pressão dentro e fora do governo de Dilma


Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
11/05/2011 | 10h37 | Crise


Não tem sido fácil ser Ana de Hollanda. A cada dia, surgem novas críticas, denúncias e acusações contra a ministra da Cultura. A antipatia começou logo quando o nome dela foi anunciado para o cargo, em dezembro, e não deu mais trégua. Pelo contrário, só fez crescer. Passando por temas de grande relevância da pasta, como os direitos autorais, até a questões administrativas internas, como diárias de trabalho, tudo que a ministra fala ou faz vai parar nas redes sociais com tons de ironia e pedidos de sua saída do cargo. Para tentar conter a crise, o governo decidiu intervir no Ministério da Cultura. A secretária nacional de Cultura do PT, Morgana Eneile, por indicação do partido, foi nomeada assessora especial da ministra. Nos bastidores, comenta-se que Eneile vai exercer a função de “interventora”.
A assessora foi uma das que apoiou a indicação de Ana de Hollanda à pasta e uma das que se mantém fiel. O mesmo não se pode dizer de muitos dos seus aliados de primeira hora. O ator e ativista cultural José de Abreu, por exemplo, já retirou o seu apoio à ministra. Há pouco tempo, em março, ele havia ido a público defender Ana, alertando que ela estava no cargo há pouco tempo e ainda não havia tido tempo hábil para implantar suas ideias.
Já no final de abril, ele foi uma das mais de duas mil pessoas que assinou a “Carta à Dilma”, um manifesto contra as políticas culturais da atual gestão. Abreu defendeu sua mudança de ponto de vista alegando que não concorda com a aproximação do Ministério com o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), órgão privado responsável repasse do dinheiro dos direitos autorais aos artistas filiados. “A defesa do MinC foi de que não havia nenhuma relação, que era loucura. Mas ninguém é idiota, faço política há 40 anos. O cargo de ministro é político, feito de conversas. Ainda mais em um começo de governo, que tem base aliada e é formado por uma coalizão. Mas ela botou uma linha na cabeça e parece não ter flexibilidade nenhuma”, disse, em entrevista na semana passada. O imbróglio com o Ecad cresceu de tal forma que a ministra assumiu a necessidade de fiscalização governamental do órgão. “Vai ser necessária”, reconheceu.
No começo da semana, Ana de Hollanda afirmou que não tem nenhuma intenção de deixar o comando da pasta. “A não ser que a presidenta queira”, disse. Mesmo ainda sendo defendida pelo governo, a ministra não escapa às especulações de quem será seu sucessor. Dois nomes andam sendo levantados em blogs de política e fóruns de cultura. O primeiro é o da secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Marta Porto, que teria o apoio não-declarado do presidente da Funarte, Antônio Grassi. O outro é o do dramaturgo e petista histórico Sérgio Mamberti, que presidiu a Funarte na gestão passada e atualmente é o secretário da Identidade e da Diversidade do Ministério da Cultura. Pelo jeito, só o tempo vai dizer se a intervenção do governo chegou na hora certa ou tarde demais.

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