8 de dezembro de 2010

[FENDH] Monumento Renascimento Africano.

O colossal monumento de bronze intitulado Renascimento Africano, concebido pelo Presidente do Senegal Abdoulaye Wade, surge nos céus de Dacar com uma forte mensagem de retorno à vida de África. Cria uma silhueta extraordinária numa zona incaracterística da paisagem da cidade e promete angariar fundos para as crianças do país.


Monumento da Renascença Africana.

© Deftek 2010

Contornando a “Corniche” na capital do Senegal, Dacar, aparece um gigante africano a agarrar uma mulher com o braço direito, como que a protegê-la. O braço esquerdo rodeia uma criança que aponta para o oceano Atlântico e mesmo para além. O monumento de bronze eleva-se do extinto vulcão Ouakam, na extremidade de Almadies, o ponto mais ocidental do continente africano. Com 53 metros, é actualmente a estátua mais alta do mundo. Inaugurada em 3 de Abril de 2010, na véspera da comemoração do 50.º aniversário da independência do Senegal, simboliza o renascimento do continente africano após cinco séculos de escravidão e dois de colonização.





O monumento torna pequeno mesmo o Cristo Redentor, que domina do alto o Rio de Janeiro, Brasil (40,44 metros) e a Estátua da Liberdade de Nova Iorque (46,5 metros) e prevê-se que dure 1200 anos. Alguns Chefes de Estado africanos, nomeadamente Robert Mugabe do Zimbabué, a Presidente da Libéria Ellen Johnson-Sirleaf e o actual Presidente da União Africana, Ngwazi Dr. Bingu Wa Mutharika, Presidente do Malavi, bem como outros dignitários, incluindo o activista dos direitos cívicos Jesse Jackson, estiveram em Dacar para mostrar a sua aprovação.

Novos laços com a Europa

O Presidente Wade explicou à audiência que o robusto homem africano sai do vulcão “como que empurrado por uma força invisível, substituindo o colete-de-forças do passado por novos impulsos do interior da Terra”. Depois da tragédia da escravidão, a estátua envia a mensagem de que “África continua de pé, não está acabada”, referiu Wade, e que ressurge para criar novas relações. Baseada numa união da razão, de complementaridades culturais e de uma amizade mútua, uma nova cooperação triangular entre África, a Europa e as Américas está a substituir o comércio triangular baseado na escravidão, afirmou. A partir do século XV este comércio consistiu em a Europa capturar e comprar escravos em África e vendê-los aos Estados Unidos para trabalharem nas plantações de algodão, que depois era vendido à Europa.

A estátua também simbolizou a necessidade de integrar no desenvolvimento do continente a sua “juventude vibrante e talentosa” e a sua diáspora como uma “sexta região”, disse Wade. “Chegou o momento de a África arrancar”, acrescentou.

Num seminário em Dacar sobre o tema do renascimento africano, em 3 de Abril, o Presidente Ngwazi Dr. Bingu Wa Mutharika explicou que o renascimento africano significava um “modo de vida”, eliminar a pobreza e a fome, estabelecer boa governação e fazer avançar o desenvolvimento, que deve ser orientado pela ciência e tecnologia. Outros participantes passaram a mensagem de que a Europa estava a fechar-se aos africanos e o receio de que a relação especial da Europa com África estava a ser anulada pela relação mais estreita da Europa com a bacia do Mediterrâneo, incluindo o Norte de África.

Escultor húngaro

A estátua foi desenhada por um escultor de ascendência húngara, Virgil Magherusan, a partir de uma visão do Presidente Wade, que a descreve no seu livro de 2006, “Un destin pour l’Afrique” (Um Destino para África – Paris, ed. Michel Lafon, 2006, 262 páginas). Um grupo norte-coreano, Mansudae Overseas Project Group of Companies, um dos poucos que ainda fazem estruturas tão grandes, foi contratado para realizar a construção. Embora o custo da estátua fosse estimado em 12 mil milhões de CFA (o valor de mercado actual está calculado em mais de 20 mil milhões de CFA), não tem de ser pago nem um cêntimo, disse Wade. Foi celebrado um acordo de “pagamento em espécie”, pelo qual a Coreia do Norte recebeu terrenos do Departamento de Registo Fundiário do Senegal.



Alguns membros da religião islâmica protestaram por as figuras do monumento estarem pouco vestidas, mas é difícil ouvir outras críticas nas ruas de Dacar. A maior parte da população diz que o monumento passa a mensagem de que “África está a ressurgir”. “Outros continentes têm os seus monumentos, porque não África?”, responderam outros entrevistados.

Dentro da estátua, quando estiverem a funcionar, espera-se que os espaços, lojas e galerias do centro de exposições gerem receitas. Os visitantes poderão eventualmente subir de elevador – ou pelas escadas – até ao cimo da cabeça do homem, onde existe um “terraço” de observação circular que permite ver toda a península de Dacar e o oceano Atlântico. O Estado possui uma participação de 55% no monumento, a Fundação Abdoulaye Wade 30% e a Agência Nacional das Crianças 15%. Wade garantiu que durante o seu mandato 100% das receitas do monumento irão para a Agência Nacional das Crianças e para a “Case des Tout Petits”, uma associação a favor das crianças.

Debra Percival





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