16 de junho de 2010

Celso Amorim: Paz no mundo depende de negociação e diálogo

14 de Junho de 2010 - 20h36

Ao participar nesta segunda-feira (14) da 99ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra, na Suíça, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reiterou a necessidade de buscar o fim dos conflitos por meio do diálogo. O chanceler fez a afirmação cinco dias depois de o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovar sanções ao Irã sem considerar o acordo nuclear negociado com Brasil e Turquia.
“A paz tem custos. Todos devem se envolver nos esforços para a sua construção e manutenção. O Brasil, de sua parte, escolheu o diálogo, as soluções negociadas e a diplomacia como forma de resolver os conflitos. Paz, cooperação solidária e comércio justo serão o novo nome do desenvolvimento”, disse Amorim, sem citar nominalmente o Irã.

Para Amorim, a aprovação das sanções ao Irã foi um retrocesso. No entanto, países liderados pelos Estados Unidos pressionam o Irã utilizando o pretexto de que o país procura fabricar armas atômicas com seu programa nuclear. Porém, o governo do presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, reafirma o caráter pacífico do programa.

Para o Secretário Nacional de Comunicação do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, o apoio brasileiro a uma solução pacífica para a questão engrandeceu "a estatura geopolítica do Brasil, do presidente Lula, do chanceler Celso Amorim".

"Num mundo cada vez mais conturbado, a decisão da ONU, que contraria seus próprios princípios, por imposição dos Estados Unidos, revela que não se pode nem se deve nutrir a menor ilusão com o imperialismo e seus manejos, evidenciados também durante a Conferência sobre a Segurança Nuclear e a Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, na qual somente a boa fé dos ingênuos enxergou vitórias. A realidade é mais dura. Exige vigilância, luta e visão ampla, donde resulta a alta valorização de posições como a do Brasil" observa Carvalho.

Estado frágil

Paralelamente, Amorim apelou para que houvesse um esforço global para acabar com as ideias preconcebidas em torno da suposta fragilidade que envolve os países em desenvolvimento. “As crenças que preconizam um Estado frágil e pouco ativo sofrem de um mal de origem: apostam que o bem-estar social pode ser confiado à mão invisível do mercado”.

Em seguida, Amorim afirmou que “os países em desenvolvimento sabem o quão visível é o preço dessa superstição. Estado forte não se confunde com Estado autoritário. O Estado forte que queremos pressupõe controle democrático de todas as instituições políticas”.

O ministro pediu que fosse aberto um espaço na OIT para a discussão de alternativas para as questões econômicas globais. “Sempre entendemos que emprego e proteção dos trabalhadores não são apenas promotores da justiça social, mas também instrumentos de correção dos desequilíbrios da globalização”.

Programas

Citando uma série de programas e ações implementadas no país nos últimos anos, como o Bolsa Família, e afirmano que o Brasil conseguiu reduzir o número de crianças que trabalham, Amorim também expôs os benefícios criados pelos programas sociais do Brasil, que priorizaram o fortalecimento da economia e a justiça social.

"Esse compromisso com a erradicação do trabalho infantil transcende as fronteiras: o governo brasileiro tem estabelecido parcerias para o combate a esse flagelo com países da América Latina, África e Ásia", afirmou.

Aposentadoria

Em entrevista exclusiva à Rádio França Internacional, Celso Amorim descartou o aumento da idade mínima para a aposentadoria no Brasil, tema que vem agitando a Europa. “O Brasil vai continuar a crescer de maneira sustentável nos próximos anos e não há perigo de nós diminuirmos os direitos sociais”, garantiu o chanceler.

Para ele, o sucesso da economia brasileira, que deve cresce 7% este ano, se deve aos programas de transferência de renda, ao aumento do salário mínimo e outros programas sociais de apoio à agricultura familiar que contribuíram para que o país enfrentasse a crise e criasse empregos durante a recessão mundial.

Da Suíça, o chanceler segue para mais seis países – França, Estônia, Polônia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia e Áustria. Ele participa de debates sobre desarmamento e também de reuniões bilaterais. O ministro retorna ao Brasil no dia 21.

Da redação, com agências

Fonte: www.vermelho.org.br

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