Qui, 19 de Novembro de 2009 07:40 |
Luana Marinho Nogueira | Redação CORREIO DA BAHIA Diferente de línguas mortas como o latim, o grego arcaico e o aramaico, há uma língua de tradição falada, surgida há milênios e que atravessou o Oceano Atlântico nos porões nos navios negreiros vindos da costa ocidental africana para sobreviver até hoje na Bahia: o yorùbá. Dividido em centenas de dialetos e falado por 30 milhões de pessoas espalhadas por Benin, Nigéria, Togo, Serra Leoa e Cuba, termos como abadá, acarajé, afoxé, agogô, axé, caruru, ilê, kabula, oiá, vatapá, xinxin e zumbi mostram que palavras do dicionário yorùbá também fazem parte do dia-a-dia dos baianos. "O yorùbá é tão falado aqui na Bahia que as pessoas usam palavras no diálogo e não sabem que têm origem no yorùbá", explica a coordenadora pedagógica da Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos, Alexsandra Oliveira.
Chegada O ensino
A escola fica na rua Direita de São Gonçalo e funciona dentro do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, comandado pela ialorixá Mãe Stella de Oxossi. Em 1992, a escola foi incorporada ao sistema ensino de Salvador atendendo, atualmente, crianças 6 a 14 anos da 1ª a 4ª série. No entanto, mesmo que o projeto pedagógico contemple processos referenciais da cultura afro-brasileira, há crianças de outras religiões que seguem o conteúdo regular do Ensino Fundamental. A coordenadora pedagógica, Alexsandra Oliveira, afirma que a escola não trabalha com religião e sim com o resgate cultural. Neste contexto, a referência estabelecida pela Escola Eugênia Anna dos Santos com o Yorùbá ajuda a fortalecer o elo Bahia-África. "É importante falar que a proposta da pedagogia da escola é o resgate da cultura afro-brasileira. O yorùbá é uma das diversas línguas faladas no continente africano, então, se nós trabalhamos com o resgate, porque não fazer referência a essa língua que é tão utilizada por este povo? São palavras mágicas que de certa forma ajudam a não deixar a língua perder. Se trabalhamos como a cultura afro-brasileira porque não trabalhar com os elementos dessa cultura como um todo?", conclui a coordenadora. |
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