6 de agosto de 2009

[Saravá_Umbanda] Igualdade e diversidade: um exercício de alteridade e de religiosidade, em um mundo plural.

Eu sou igual a você?

Como você definiria um ser humano?

Começaria pela estrutura óssea, pela muscular, pele, pelos tipos e cores
dos cabelos, pela forma e cores dos olhos, pelas cores dos dentes e suas
formas ... Talvez pelo temperamento, comportamento, hábitos, línguas ...
Ou seria pelas crenças, culturas religiosas, expressões de fé, formas de
sentir e manifestar Deus ou os Deuses?

Parece fácil, mas não é facil definir o que é o ser humano, seja no
biológico, no psicológico ou no espiritual. Isso porque somos da mesma
espécie, Homo sapiens, mas somos tão diversos, tão plurais em nosso ser,
pensar, manifestar e crer.

Vamos tentar fazer algo mais fácil: vamos definir Deus, já que a
criatura é tão complexa, vamos ao criador... Piorou? Tá difícil? Complicou?

Bem, vamos então para a religião. Qual é a verdadeira religião feita por
Deus? Ummmmm ... bem ... qual é a verdadeira verdade de fé, única e
absoluta para esse nosso planeta chamado Terra?

Interessante, pois as pessoas tentam definir ou chegar perto de uma
definição de religião, mas é tão difícil quanto definir o que é um ser
humano, ou definir o que é ou como é Deus. Isso porque é complexo, e é
uma visão que nunca abrange a tudo e a todos. Sejam da mesma espécie,
sejam aqueles que creem em um mesmo Deus ou que fazem parte de um mesmo
conjunto religioso.

Particularmente no caso da Umbanda, existem tentativas de especificar ou
generalizar o que ela é, mas pelas prática de um ou de outro, naquilo
que aquele setor, aquela ramificação, aquela forma de Umbanda pratica,
ritualiza, doutrina, acredita, como se ela fosse o todo.

Alguns até dizem: foi Zélio, o C7E que fundou a Umbanda e a ele todos
devem seguir em cada palavra, em sua forma de culto, mas nem no
Cristianismo isso acontece, tendo mais de 150 vertentes do Cristianismo
no mundo, sendo que uma é diferente da outra, embora cada uma acredite
em Jesus ou em interpretações de Jesus ou em coisas que disseram de
Jesus ou em re-interpretações de Jesus ... Até com Jesus existem várias
formas de vê-lo, sentí-lo, adorá-lo, seguí-lo ... de acreditar. Porém,
cada uma das formas de crença em Jesus, se diz a verdadeira, seja na
palavra de salvação, seja na sua forma de rito e culto.

É diferente com a Umbanda? Existe a Umbanda verdadeira? Quem ela é?
Existe uma única forma de culto, rito, doutrina, manifestação e adoração
'a divindade?

Ao meu ver todas as formas de Umbanda são verdadeiras. Não se pode
desqualificá-las por ter ou deixar de ter ritos, formas, doutrinas,
fundamentos ... Na realidade, o que irá dizer a sua verdade é o que ela
faz de maneira dígna, honesta, caridosa, na fé, na crença, nas atitudes,
na preocupação e no zelo com o próximo, em sua moral e na manifestação
dessa moral, compromissada com uma ética de conduta, que não machuque o
ser humano e, sua mente, fé, corpo, moral ou espiritualidade. Onde hava
compromisso seguro e farto com o outro, no cuidado e educação do outro
dentro daquela fé, onde haja respeito pelo qeé feito em termos de
religiosidade, seja para e com os guias, seja para e com os Orixás. Onde
existe respeito pelo que o outro faz como Umbanda, sem vaidades, medos,
arrogância, sem tentar denegrir o outro, só porque não se entende o que
ele faz ou por ser diferente do que fazemos, mas que haja amor fraterno
'as diferenças e, acima de tudo respeito a essas diferenças.

É fácil desqualificar, denegrir e diferenciar o outro, mas é tão difícil
ser irmão, solidário, ter pensamento plural e recohecer o outro como seu
igual, pois existem pontos de referência e igualdade, mas é mais fácil
ver o diferente e recrimilá-lo.

Nisso perdemos a união, o respeito, a capacidade de nos juntar nas
dificuldades, agindo pior do que aqueles que nos aviltam, nos denigrem,
sejam em palavra, ou na depredação de nossas casas, pois pior do que o
preconceito inter-religioso, entre religiões, é o preconceito
intra-religioso, dentro da religião. Porque esse maltrata mais, dói
mais, e é sentido muito mais profundamente, pois é um preconceito
oriundo da ignorância, do desconhecimento do outro ou sobre o que o
outra faz e é, como ente religioso, como casa religiosa, como membro de
uma espiritualidade.

Na nossa ignorância e vaidade pelo todo, em nos ver como o todo, geramos
o preconceito sobre o que nos fere os olhos, só porque não o aceitamos,
só porque não o reconhecemos como um igual, porque não queremos
aceitá-lo como um igual. Queremos ser únicos, verdadeiros, evoluídos,
perfeitos em nome e espiritualidade com Deus.

Só que Deus fez o diverso, o desigual, a pluralidade no e entre os seres
humanos, e entre as religiões e dentro das religiões.

Negar o diverso, o plural, as diferenças, é negar a Deus a sua obra, é
negar ao próprio Deus.

Só seremos fortes e unidos, se nos aceitarmos uns aos outros; só
conseguiremos atingir a sociedade (mais diversa e plural que a própria
Umbanda) se respeitarmos as nossas diferenças e aprendermos a conviver,
harmonicamente, com essas diverenças; só creceremos de deixarmos de
querer ser praia, e nos contentarmos em ser pequenas predas de uam
grande praia chama Umbanda.

Que Yemanjá, senhora das cabeças, possa iluminar nossas cabeças e nossas
mentes, para que haja menos preconceito entre os Umbandistas e entre as
diversas Umbandas, e mais diálogo, mais entendimento e mais união.

Axé a todos.

Pai Etiene Sales

"A Umbanda liberta e amplia os horizontes"  Núcleo Mata Verde http://www.mataverde.org

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